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domingo, 21 de março de 2010

Agonia

Agonia

Luís Cláudio Ragioto

Não havia medo em seus olhos. Apenas esperava. Muitas coisas passavam pela sua cabeça. Glória, onde estaria agora? Que diabos acontecera com o carro pela manhã? Não possuía as respostas. Olhou o relógio. 3 e 30. O que estava acontecendo? De relance, parecia-lhe que os mosaicos na parede preta e branca, como um tabuleiro, deslocavam-se devagar. Olhou o relógio. Engraçado, podia jurar que era mais tarde... Caras, caras e mais caras. Não via vejas ou exames, apenas caras na estante de madeira escura e velha. Os pequenos gnomos, três, olhavam-no. Teve a impressão de que riam dele. Bobagem. Você tem 30 anos e agora deu para ilusões? Riu. Olhou de novo. Os dois gnomos estavam lá. Olhando para ele e rindo dele. Agora ficou cego? A sensação provocada pela dor lancinante o incomodava. Reparou um pequeno cordão que se estendia da estante até o chão. Esse cordão não estava aí, pensou. Batimentos acelerados, sentou-se melhor na cadeira. Respirou. O gnomo olhava fixamente para ele, e seu riso cruel começou a afligi-lo. Em plena luz do dia, eu, tendo alucinações! Neste momento, sentiu um fisgada no pé esquerdo. Olhou assustado e recolheu o pé. Não viu nada. Não. Havia visto algo sim. Muito rápido. Mas vira. Pôs o pé no chão novamente e, se não estivesse acordado, poderia jurar que na estante havia estatuetas de gnomos. Outra fisgada, agora seguida pela terrível sensação de que alguma coisa subia-lhe pela perna. Ouvia vozes e gargalhadas, muito sutis. Um medo apossou-se dele. Eram os gnomos! Outra fisgada, agora na coxa. Não poderia ser uma ilusão. Elas não doem! A respiração ofegante, acompanhada pela agonia da imobilidade (ficava assim quando tinha medo), tomaram conta daquele robusto homem. Viu, então, o sorriso cruel e uma agulha. Eram os gnomos, prestes e perfurar-lhe as coisas (o horário me impede de ser mais preciso),e então fez a única coisa que pôde, quando a agulha fez seu trabalho: gritou!

— Senhor, é a sua vez. O dentista o aguarda.

Disfarçadamente, olhou para a estante. Os gnomos estavam lá. Com alívio, também viu que suas coisas estavam ali.

Minha primeira postagem

Pois é. Finalmente, aderi ao mundo virtual dos blogs. Talvez porque eu, como migrante virtual, devesse fazer isso, talvez apenas para ocupar meu tempo. O fato é que aqui encontrará um pouco de mim, um pouco sobre mim e minha opinião sobre diversos assuntos. Sejam bem vindos.