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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Re-postagem II, a missão

Oi Meninos. Continuando a missão de reavivamento do blog, aqui vai mais um texto. Espero que se divirtam. Beijos e abraços e que Deus os abençoe.
Agonia

Luís Cláudio Ragioto

Não havia medo em seus olhos. Apenas esperava. Muitas coisas passavam pela sua cabeça. Glória, onde estaria agora? Que diabos acontecera com o carro pela manhã? Não possuía as respostas. Olhou o relógio. 3 e 30. O que estava acontecendo? De relance, parecia-lhe que os mosaicos na parede preta e branca, como um tabuleiro, deslocavam-se devagar. Olhou o relógio. Engraçado, podia jurar que era mais tarde... Caras, caras e mais caras. Não via vejas ou exames, apenas caras na estante de madeira escura e velha. Os pequenos gnomos, três, olhavam-no. Teve a impressão de que riam dele. Bobagem. Você tem 30 anos e agora deu para ilusões? Riu. Olhou de novo. Os dois gnomos estavam lá. Olhando para ele e rindo dele. Agora ficou cego? A sensação provocada pela dor lancinante o incomodava. Reparou um pequeno cordão que se estendia da estante até o chão. Esse cordão não estava aí, pensou. Batimentos acelerados, sentou-se melhor na cadeira. Respirou. O gnomo olhava fixamente para ele, e seu riso cruel começou a afligi-lo. Em plena luz do dia, eu, tendo alucinações! Neste momento, sentiu um fisgada no pé esquerdo. Olhou assustado e recolheu o pé. Não viu nada. Não. Havia visto algo sim. Muito rápido. Mas vira. Pôs o pé no chão novamente e, se não estivesse acordado, poderia jurar que na estante havia estatuetas de gnomos. Outra fisgada, agora seguida pela terrível sensação de que alguma coisa subia-lhe pela perna. Ouvia vozes e gargalhadas, muito sutis. Um medo apossou-se dele. Eram os gnomos! Outra fisgada, agora na coxa. Não poderia ser uma ilusão. Elas não doem! A respiração ofegante, acompanhada pela agonia da imobilidade (ficava assim quando tinha medo), tomaram conta daquele robusto homem. Viu, então, o sorriso cruel e uma agulha. Eram os gnomos, prestes e perfurar-lhe as coisas (o horário me impede de ser mais preciso),e então fez a única coisa que pôde, quando a agulha fez seu trabalho: gritou!

— Senhor, é a sua vez. O dentista o aguarda.

Disfarçadamente, olhou para a estante. Os gnomos estavam lá. Com alívio, também viu que suas coisas estavam ali.