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quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Obrigado eu" é aceitável

Olá, caros amigos. Dia desses, fui questionado por um aluno sobre o uso de "obrigado eu". Respondi, sem demora, que o considerava incorreto e que, no lugar, um "eu que agradeço', ou um simples (e sincero sorriso já bastariam. Contudo, curioso, visitei a internet e uns livros para saber o que seria correto. Cheguei à terrível conclusão de que o "obrigado eu" é aceitável.

Assim, deixo a decisão do uso para vocês. Aqui vão algumas respostas e seus respectivos endereços para consulta na internet. Usem bem. Um abraço e sucesso.

Professor Ragioto.

Qual a forma correta: "Obrigado Eu" ou "Eu Que Agradeço"?

Publicado em: 24/08/2008 | Comentário: 11 | Acessos: 10,107

CARLOS ROGÉRIO LIMA DA MOTA

Você já notou que o “acerto” quase nunca é propalado com a mesma velocidade que o “erro”? Por que digo isso? Simples! Há poucos meses, sabe-se lá de quem foi a autoria, a frase “OBRIGADO EU” disparou na preferência popular, desbancando até mesmos os já clássicos “Nóis vai” e a “Gente fomos”.


Errar é humano, todavia, cometer o mesmo erro é perigoso, até porque, atrás de cada palavra há um indivíduo detentor de competências, ainda que às vezes, devido à qualidade do ensino público, essas mesmas competências estejam alicerçadas por frágeis conhecimentos. Assim, para os mais escolarizados, erros dessa natureza causam graça, piadinha de mau gosto, expondo os mais desprotegidos culturalmente ao constrangimento, ainda que velado, o que é pior.


Toda forma de discriminação lingüística é abominável, ainda, não se pode julgar a índole de um cidadão só porque ele cometeu uma gafe; mas não é o que acontece. Já tive notícias de que certas empresas de seleção testam justamente o candidato na hora do agradecimento, assim, ao pronunciar o tal “Obrigado EU”, toda sua prova pode ser desconsiderada e o emprego repassado ao candidato seguinte. Isso é crime? Se considerarmos a discriminação vernacular, sim; mas a dificuldade está em se provar essa discriminação, até porque, ela acontece, como já disse, na surdina, dentro de uma sala, trancada a sete chaves.


E aos críticos mais serenos, uma informação extra-oficial: o suposto erro também é cometido por profissionais de carreira, cujo salário os coloca no topo da pirâmide social, diferentemente do que afirma uma pequena parcela de gramáticos adeptos à filosofia do quanto mais pobre, pior.


Quer uma prova? Então vamos lá! Dias desses, em um grande banco estrangeiro de origem espanhola, a gerente, com o sorriso clareado à mostra, apertou minha mão e disse, pasmem, repetidamente: “Obrigado EU!”. Naquele momento, desculpem-me a franqueza, levantei, dei dois passos em direção à escadaria, retornando em seguida. Vendo-me de novo, a gerente perguntou: “Esqueceu algo, senhor Carlos?” Ainda que intimidado, aleguei que sim! Então, revirando os papéis de sua mesa antes mesmo que eu anunciasse o tal “objeto” motivador de meu retorno, perguntou-me: “O que seria? Por acaso o celular, o Rg, o CPF...?”


Com o sorriso tímido estampado à face, pedi para que ela se sentasse, foi quando, após inspirar profundamente, revelei o motivo de meu retorno: “Querida... desculpe-me a sinceridade, mas eu não esqueci nenhum objeto em sua mesa; pelo contrário, esqueci apenas de informá-la de que a expressão “OBRIGADO EU!” é incorreta, porque sendo o EU um pronome pessoal do caso reto, ele não deve aparecer em final de frases, mas apenas no início, em que desempenha o papel para o qual foi criado: praticar uma ação e não recebê-la, como aconteceu no modelo em epígrafe. O mais provável, ainda que estranho à sintaxe portuguesa, seria se utilizar da expressão “Obrigado MIM”, porque este pronome é quem recebe uma ação desencadeada pelo sujeito. Veja um exemplo clássico: “Este lápis é para mim?”


Visivelmente desnorteada, a moça pegou um lenço de papel e passou-o no rosto, limpando o suor, que lhe caía em abundância.. Ao invés dela pedir que eu procurasse minha “turma” – por que saber se é o Eu quem pratica uma ação e não O Mim?, solicitou que eu continuasse.


A expressão considerada mais adequada à situação seria: “EU QUE AGRADEÇO!”, ou simplesmente, remetendo-se às normas gramaticais alcaides, o popular “DE NADA!”


Levantei-me e, antes que ela pudesse dizer algo, fui-me embora; apesar de instruir uma pessoa - papel que me é delegado pelo meu cargo, senti-me constrangido, afinal, o que ela poderia ter pensado de mim? Talvez um excêntrico ou mesmo um tremendo idiota. Já em casa, algumas horas depois, abri o e-mail e, para minha surpresa, havia a seguinte notinha:

“Prezado senhor Carlos Mota, se o senhor não tivesse a coragem de me corrigir, quantos outros “Obrigados EU” eu poderia ter dito, por plena inocência? De certa forma, esse erro poderia pôr em risco o meu próprio cargo no banco, afinal, relaciono-me com clientes de toda natureza e falar errado torna-se um “motim”, em caso de uma suposta concorrência profissional interna. Como retribuição ao seu gesto, faço questão de dizer tantas vezes quanto forem necessárias: “EU QUE AGRADEÇO A SUA SINCERIDADE!”


Bem, amigos, como perceberam, é vivendo que se aprende.

http://www.artigonal.com/cotidiano-artigos/qual-a-forma-correta-obrigado-eu-ou-eu-que-agradeco-534549.html

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1079960

Obrigado você / ou obrigado a você?


1)
Sempre é bom rememorar que, para se entender o regime da palavra obrigado, é importante observar o que se quer com ela dizer: a pessoa a quem se presta um favor, ao agradecer, diz que se sente obrigada a retribuí-lo.

2) Bem por isso, não importa a quem é manifestado o agradecimento; o que efetivamente interessa é a pessoa que o manifesta, pois é com ela que tal palavra concorda: assim, se é um homem que fala, diz ele muito obrigado; se mulher,muito obrigada; se vários são os homens, expressando-se, por exemplo, num discurso, por meio de orador, diz-se muito obrigados; se várias as mulheres, muito obrigadas.

3) Exatamente porque, em tais casos, obrigado é uma oração abreviada e significa Eu estou obrigado pelo favor que me fez”, é que, a um obrigado como esse, alguém pode replicar com outra forma abreviada e correta (Obrigado eu), com o exato sentido de Eu é que me sinto obrigado. E daí surgem as variações:

a) –“Obrigada eu” (se do feminino é quem fala);

b) –
“Obrigados nós” (se do masculino plural é quem fala);

c) –
“Obrigadas nós” (se do feminino plural é quem fala).

4) Querem alguns, todavia, que se deva dizer, em tal caso, “obrigado(a) você”, o que estaria sintetizando de modo adequado a oração completa “obrigado(a) estou eu em relação a você”. Tal, entretanto, não é a forma correta, pois, se esse é o sentido que se quer conferir ao texto, quem se sente obrigado continua sendo o “eu”, enquanto “você” há de ser o destinatário do agradecimento. Por isso, indispensável há de ser o emprego da preposição. E, assim, se há de dizer corretamente: “Obrigado(a) a você”.

5) E mais:se se pretender falar “Obrigado você” (ausente a preposição), o único sentido possível será: Você se sente obrigado. E tal conotação está fora de qualquer consideração no presente caso, porque não é o que se quer dizer.

http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI7565,41046-Obrigado+voce+++ou+obrigado+a+voce

Como moro no Brasil, sou professor de Português, tenho explicações a acrescentar à consulente Nanci, Brasil, 3/2/00. Segue:

Veja o que diz o Aurélio no verbete "obrigado": Agradecido, grato, reconhecido: Fico-lhe muito obrigado pelo que me fez. [É largamente usado, nesta acepção, em construções elípticas, de certa natureza interjetiva: - Como vai? - Bem, obrigado; - Muito obrigada, meu querido; - Vamos bem, obrigados.]

Mulher diz obrigada; homem, obrigado. Quando o interlocutor fala: - Muito obrigado! O outro responde: "Obrigado, eu!" ou "Obrigado, você!" em vez de dizer: "Por nada!", "De nada!" ou ainda "Não há de quê". Isso está certo?

A expressão "Obrigado, eu!" ainda é explicável, porque ela é uma construção elíptica (resumida) de "Por nada! Obrigado, digo eu", ou seja, obrigado, eu. Se for mulher, obrigada, eu.

Já a expressão "Obrigado, você!" soa como grosseria, pois quem a falou confirma que o outro lhe deve mesmo um favor, isto é, confirma-lhe a obrigação.

"Obrigado(a), eu" é tolerável. "Obrigado(a), você" não deve ser usada.

Hélio Consolaro

http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=5401

Língua portuguesa, inculta e bela!

“Obrigado eu”
Tenho ouvido com muita freqüência nos últimos tempos, em respostas a agradecimentos, não mais o cerimonioso “não há de quê” de antigamente, mas o “obrigado eu” ou o “obrigada eu”. Parece estranho, soa diferente porque novidade na língua do povo. Daí muitas perguntas sobre se é correta essa forma de retribuir a um agradecimento.
O termo obrigado é o particípio do verbo “obrigar”, do latim obrigatus –a, particípio de obrigare (ob + ligare = ligado, amarrado, em volta de). Como expressão de agradecimento, é adjetivo, que sempre concorda com o substantivo. Um homem diz obrigado; uma mulher, obrigada. A concordância é sempre com a pessoa que agradece, isto é, do ser que se sente no dever de manifestar gratidão, que assume a obrigação de retribuir.
Não há muita diferença na maneira de "agradecer" nas línguas neolatinas. Os espanhóis dizem “gracias”, como na canção de Violeta Parra, no Brasil magnificamente interpretada por Elis Regina:
“Gracias a la vida, que me ha dado tanto. / Me dio dos luceros, que cuando los abro, / perfecto distingo lo negro del blanco, / y en el alto cielo su fondo estrellado,/y en las multitudes el hombre que yo amo”. Os italianos usam o termo “grazie” (daí o nome próprio Graziela, popularizado por um romance de Lamartine, publicado em 1848), e os franceses empregam o termo “merci”, derivado do latim mercede (recompensa, gratidão). Nossa Senhora das Mercês, mãe de Jesus, a quem socorremos em busca de benefícios celestiais.
A propósito, graça, do latim gracia, significa “mercê”, “benefício”; Ave Maria, gratia plena (cheia de graça), é a saudação do anjo Gabriel a Maria, concebida do Espírito Santo.
A forma de agradecimento usado na língua portuguesa - "obrigado" - nasceu do dever de que quem recebeu alguma coisa, seja favor ou benefício, agradecer, obrigando-se a retribuí-lo. Daí, as respostas de agora: Obrigado/a eu.
Essa pronomelização deve-se, talvez, a um acontecimento artístico: Caetano Veloso e Jorge Mautner, no decorrer de uma turnê divulgando um CD que gravaram (“Gosto de ficar na praia deitado / Com a cabeça no travesseiro de areia / Olhando coxas gostosas por todo lado / Das mais lindas garotas, também das mais feias /
Porque são todas gostosas e sereias /Pro meu olhar de supremo tarado”), estiveram no programa “Altas Horas, de Serginho Groissman, na Globo. Quando terminaram de cantar, foram ovacionados e Serginho repetiu, por várias vezes, sua reverência aos cantores: “obrigado!, obrigado!, obrigado!” Caetano respondeu, em seu nome e no do parceiro Mautner: “Obrigados nós”!”.
E a pronomelização do termo obrigado ingressou no falar corrente da juventude. Hoje já está migrando para o linguajar comum, do dia-a-dia, do povo em geral. Logo será dicionarizada.

Alcides Silva

http://www.jovemsulnews.com.br/user/index.php?origem=colunista&xxx=1&id=501&colunista=Alcides%20Silva